Respigar e Upcycling, na Fábrica do Braço de Prata


RESPIGAR

Respigar, tal como é descrito no dicionário, significa apanhar os restos após a colheita de cultivo. Se antigamente era uma prática comum, o aparecimento de maquinaria agrícola mais eficiente e menos selectiva, vieram substituir este hábito. Mas existem ainda respigadores, quer no meio rural quer no meio urbano que o fazem por necessidade, prazer, hábito cultural (transmitido de geração em geração), gestão económica ou por preocupação ética.


  
Na nossa sociedade há cada vez mais desperdício, algo que ficou para trás e que alguém não quis mais. Por ano, milhões de toneladas de alimento são desperdiçadas e deixadas pelas máquinas, milhões de imagens passam, milhões de vida seguem, milhões de boas ideias se perdem. Toneladas de matérias primas se perdem. Incontável energia é gasta. No entanto a carência e qualidade de vida não é de todo ainda uma equação equilibrada e equitativa no Mundo.

Por outro lado há o incontornável paradigma de insustentabilidade do sistema económico e de gestão de recursos actual. Ninguém sabe aquilo que ainda virá. E num contexto de preparação e educação para a vida,  mundo que vivemos muda rapidamente e não dispomos de conhecimento científico suficiente para prever as mudanças que se avizinham ao nível ecológico, sociológico ou económico. Não podemos, ensinar às crianças de hoje como se comportar amanhã, face aos desafios futuros. O melhor que podemos fazer é ajudá-las a desenvolver o seu potencial como seres humanos para que, a seu tempo, possam criar as melhores soluções.

Os respigadores actuais, uma vez alterada a ordem dos sistemas e culturas agrícolas, ganham mais relevo nas culturas urbanas, onde o desperdício é também imenso e na maioria dos casos, um problema para os órgãos de gestão, que se vêem obrigados a encontrar destino para milhões de toneladas de moveis, utensílios, restos de obras, industrias, oficinas, e muitas outras actividades económicas ou domesticas.

Recentemente, num contexto internacional, tem surgido um movimento denominado chamado freegan, que alerta para o desperdício que existe no nosso planeta, adoptado por pessoas conscientes de todos os estratos sociais.



Complementar ou em sucessão ao conceito e actividade de Respigar surge o conceito e actividade do conceito Upcycling.

Upcycling é a prática de conversão de resíduos em produtos de maior valor. Para muitos upcyclers, é uma forma de criar obras de arte e ferramentas domésticas úteis, ou um método inovador de geração de rendimentos, aproveitando e recuperando os materiais e bens desperdiçados, e voltando a colocá-los no mercado de uso e consumo, quer com uma forma renovada ou transformada, quer na aparência ou inclusive na própria utilidade ou função do objecto. Mais importante, porém, o Upcycling é uma filosofia que transforma os resíduos em bem activo, prolongando o seu ciclo de vida, diminuindo o desperdício, que está presente em abundância em nossas comunidades.

 
Projectos "Respigar" e "Oficina de Sucata"

A iniciativa tem como principal modelo e objectivo, o conceito de recolha e transformação de desperdício urbano de qualidade e que subsiste com base em:

Recolha e angariação de objectos e de materiais
  1. Fomento de iniciativas e eventos de vendas ou trocas de materiais e bens usados 
  2. Fomento e apresentação dos trabalhos de artesãos e artistas que utilizam este conceito nas suas matérias primas e trabalhos
  3. Partilhar e disseminar o conhecimento do trabalho e transformação das matérias e objectos
  4. Fomentar a criatividade e o design como ferramenta de novas soluções para a sustentabilidade

As Reciclagens

1. Reciclagem de conceitos e ideias através da realização de palestras, workshops, tertúlias.
2. Reciclagem de estéticas, pela apresentação de exposições, cursos por artistas já reconhecidos que farão instalações, pequenas apresentações musicais
3. Reciclagem de hábitos de consumo, no mercado que será feito regularmente, com produtos acessíveis ao publico, numa perspectiva de conduzir a melhores hábitos de consumo com os seguintes bens;
4. Provenientes de agricultura Biológica.
5. Provenientes do comércio Justo.
6. Artesanato de materiais aproveitados e reciclados.




Neste contexto prevê-se a construção gradual daquilo que chamamos de momento “o Labirinto dos Respigos” ou “Parque diversões dos Respigos” (a definir) que consistirá numa instalação de grandes dimensões que será um percurso lúdico pedagógico, todo ele construído com restos e desperdício. (Imagine-se somente para visualização, um guarda-roupa que se abre e tem dentro um escorrega, que dá para uma piscina de bolas de esferovite e segue logo depois num labirinto artístico de pneus, etc.)



Os workshops

Estes são os principais temas a ser tratados para os públicos alvo:

  1. Restaurações de mobiliário 
  2. Construção caixas ninho, pequenas casas fantasia) com restos paletes
  3. Papel reciclado
  4. Estofos em mobiliário restaurado
  5. Hortas em varandas.
  6. Hortas biológicas.
  7. Pequenas construções ecológicas/artísticas para quintais urbano
  8.  Muitos outros ainda em concepção
  9. Construção de maquetas/paisagem com resíduos
  10. Jardinagem ecológica
  11. Construção maquetas
 

 Ao nível das energias, támbem várias actividades devem ser pensadas e concebidas para dar a percepcionar as consequências e implicações, tanto dos nossos consumos directos energéticos, por um lado, como das necessidades de energia para elimin~ção ou reciclagem dos resíduos.
Neste contexto é necessária toda uma consciencialização complementar do cidadão por uma aprendizagem, (ou reaprendizagem) das nossas  reais necessidades, hábitos e usufruto do consumo.
Tornar a população mais consciente e participativa, de forma a que cada um possa deixar de ser só parte do problema (que todos somos inevitavelmente, porque consumimos) mas também ser parte intrínseca e fundamental da solução




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